Os principais fatores desencadeantes das crises são a privação do sono, cansaço, leitura prolongada, luzes pisca-pisca, uso de álcool, ruídos, alguns medicamentos e uso irregular dos anticonvulsivantes.
As crises podem ser de vários tipos. Quando envolvem todo o cérebro, são chamadas de generalizadas e quando apenas parte do cérebro está envolvida na gênese das crises, são parciais.
Nas crises parciais simples o paciente percebe apenas alterações auditivas ou visuais, movimentos estranhos em alguma parte do corpo, sensação de medo, desconforto abdominal e não perde a consciência. Nas parciais complexas o paciente apresenta perturbação da consciência, elas iniciam como as parciais simples e se espalham para outras áreas do cérebro, parece ficar confuso, apresenta movimentos automáticos na face e pode evoluir para uma generalização secundária com perda da consciência.
As crises de ausência são episódios de lapsos de consciência com duração de menos de 15 segundos, na qual o paciente fica com o olhar vago e em seguida volta ao normal.
Nas crises generalizadas, em que o paciente perde a consciência, podem ocorrer rigidez da musculatura, seguido de movimentos involuntários, com contrações musculares e tremores, com duração de minutos seguido da recuperação da consciência progressivamente. Este é o tipo mais conhecido.
Quando o paciente está em crise deve-se colocar algo macio sob a cabeça, deixar a cabeça lateralizada para que a saliva ou vômito não obstrua a respiração, aguardar até que a crise passe e ele recupere a consciência. Não se deve introduzir objetos na boca, nem segurar a língua, pois não há risco algum do paciente engolir a língua. Não jogar água nem forçá-lo a engolir, apenas esperar ele recuperar progressivamente a consciência.
Quando já se sabe que o paciente tem epilepsia, só há necessidade de levá-lo ao hospital caso a crise demore mais do que dez minutos, ele não recupere a consciência ou apresente crises repetidas. Normalmente elas duram poucos minutos e o paciente volta ao normal não havendo necessidade de conduzí-lo a um serviço de emergência.
O diagnóstico de epilepsia é clínico e o eletroencefalograma pode ajudar. A tomografia e a ressonância magnética são exames realizados para investigar a causa da epilepsia.
Pacientes com epilepsia podem praticar esportes que não os coloquem em risco caso tenham uma crise, como futebol, vôlei, tênis, ginástica e atletismo. A natação deve ser praticada com supervisão direta.
O resultado do tratamento medicamentoso varia de paciente para paciente e depende do tipo de crise que apresenta. De maneira geral, 50% têm controle das crises, 30% têm redução das crises ou da intensidade e 20% são resistentes à medicação. Novos medicamentos estão apresentando bons resultados no tratamento da epilepsia.
Quando o paciente não apresenta controle adequado das crises com medicamentos, o tratamento cirúrgico pode ser uma boa opção, dependendo do tipo de epilepsia que apresenta. Quando bem indicada, a cirurgia pode controlar as crises em mais de 75% dos casos.
É importante lembrar que o paciente com epilepsia pode levar uma vida normal, desde que as crises estejam controladas. Para isso é necessário um bom relacionamento do médico com o paciente para que não existam dúvidas e sim um tratamento adequado e seguro.
Dr. Rodrigo Leite de Morais CRM 19163
Neurocirurgião
Médico da Clinica I.M.A.